domingo, 30 de outubro de 2011
ADOLESCENTE ASSASSINO: a terrível e verdadeira história de Ray Pye
Ray Pie, 19 anos é um jovem atraente que se veste sempre de preto, é um psicopata encantador, capaz de um elogio ou de assassinar a sangue frio num abrir e fechar de olhos. Quando os seus amigos Jen e Tim o ajudam a esconder um crime, estes tornam-se nos seus relutantes seguidores. Quatro anos após o crime, Ray ainda não foi preso. O detective Charlie Schilling e o seu ex-parceiro Ed Anderson sabem o que Ray fez... mas não o conseguem provar. Mas quando Katherine Wallace chega à cidade, Ray vê-se finalmente ao espelho. Kath é uma rapariga malévola e com um gosto pelo obscuro, ela e Ray encontram-se inevitavelmente numa colisão tão prevista pelo destino quanto mortal.
"Um filme arrebatador, pertubador, impossível de ignorar (Peter Straub); "De vez em quando aparece um filme que mexe com você e te faz amar o cinema (Brain King)"; "Imperdível (Tobe Hooper)"
Marcadores:
ADOLESCENTE ASSASSINO,
PSICOPATA,
RAY PYE,
SERIAL KILLER,
THE LOST
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
ATIRADOR DO SHOPPING MORUMBI
O psicopata pode ser considerado inimputável no Brasil?? Não!! Mas não é o que está acontecendo, vejam o recente caso do ex-estudante de medicina Mateus da Costa Meira, condenado por assassinar três pessoas num cinema em São Paulo em 1999, foi considerado inimputável (que não pode ser considerado responsável pelos atos) no julgamento ocorrido nesta terça-feira em que era acusado de tentar matar seu companheiro de cela em maio de 2009, na Bahia. Ele já foi submetido ao teste criado por uma das maiores autoridades em psicopatia do mundo o psicólogo canadense Robert D. Hare, o qual é criador do método PCL-R.
Hare criou o método mais célebre para descobrir quem é psicopata, conhecido pela sigla PCL-R (“lista de verificação de psicopatia”, na tradução do inglês). A lista tem 20 itens, que servem para examinar a ocorrência de problemas como ausência de remorso ou culpa, mentira patológica e versatilidade criminal. Um psiquiatra ou psicólogo treinados pontuam cada um dos itens. A soma de todos determina o diagnóstico, cujo resultado é expresso numa escala de 0 a 40 pontos (leia o gráfico abaixo) . Essa ferramenta é usada em países como Inglaterra, Alemanha, Canadá e Estados Unidos. Também foi usada pelos neurologistas Ricardo de Oliveira Souza e Jorge Moll Neto em pacientes do hospital da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) para selecionar os participantes de uma pesquisa conduzida por eles. Os psicopatas estudados pelos neurologistas, no entanto, não são prisioneiros nem criminosos perigosos. São pessoas que costumam adotar atitudes consideradas antiéticas e arriscadas, como passar cheques sem fundo, dirigir em alta velocidade e abusar do consumo de drogas. O objetivo era demonstrar que, embora tenham mais predisposição, nem todos os psicopatas se tornam homicidas.
Dois assassinos célebres do Brasil já foram submetidos ao teste de Hare. O primeiro é Mateus da Costa Meira. Em 1999, esse ex-estudante de medicina metralhou três pessoas e feriu outras quatro numa sala de cinema de um shopping paulistano. Ele não manifestou remorso. “Colegas psiquiatras me contaram que o Mateus lamentou ter cometido o crime antes de se formar na faculdade, já que, como médico, teria direito à prisão especial”, diz o psiquiatra forense José Geraldo Taborda. O outro assassino foi Francisco de Assis Pereira, conhecido como Maníaco do Parque. Ele estuprou, torturou e matou pelo menos seis mulheres e atacou outras nove no Parque do Estado, em São Paulo. Submetidos ao teste PCL-R, Meira e Pereira apresentaram pontuações altíssimas e foram, portanto, considerados psicopatas.
Esse segundo julgamento ocorreu na 1º Vara do Tribunal do Júri de Salvador. A decisão atendeu aos pedidos do Ministério Público e da defesa de Meira, que afirmavam que ele não poderia responder pelos atos devido a distúrbios psicológicos.
Com a decisão, a defesa anunciou que vai pedir revisão do julgamento que o condenou em São Paulo. "Ele deverá permanecer em um hospital psiquiátrico onde poderá ter atendimento especializado de uma equipe multidisciplinar", diz o advogado Vivaldo Amaral.
Mateus está preso há 10 anos, sendo que no último ele ficou em um hospital psiquiátrico de Salvador, após a tentativa de homicídio contra Francisco Vidal Lopes, seu companheiro de cela. O crime ocorreu em maio de 2009. Meira usou uma tesoura utilizada nas atividades artesanais para agredi-lo na cabeça.
Em 3 de novembro de 1999, Meira entrou na sala 5 do cinema do Morumbi Shopping e, armado com uma submetralhadora 9 mm, atirou contra as pessoas que assistiam ao filme "Clube da Luta". Três pessoas morreram e quatro ficaram feridas.
Pelo crime, ele foi condenado inicialmente a 110 anos e seis meses de prisão. Em 2007, magistrados da 4ª Câmara Criminal do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo reduziram a pena para 48 anos e nove meses. Na prática, acusado não poderá ficar na cadeia por mais de 30 anos, pena máxima permitida pela legislação brasileira.
Em fevereiro de 2009, ele foi transferido da Penitenciária 2 de Tremembé (147 km de São Paulo) para a prisão em Salvador após a Justiça acatar o pedido de seus pais, que moram na cidade.
24/10/2010 - 07h39
Atirador do shopping Morumbi revela "frieza" em cartas a travesti
ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO
Enquanto cumpria pena em SP pelo assassinato de três pessoas num cinema do shopping Morumbi, Mateus da Costa Meira trocou 49 cartas com a travesti Alcione Carvalho. Entre maio de 2001 e outubro de 2003, revelou, no papel, frieza, inteligência e poder de manipulação.
Mateus da Costa Meira sendo encaminhado à delegacia após o crime; travesti diz que criminoso é frio e arrogante
Nas raras vezes em que trata do tema, banaliza o massacre contra a plateia indefesa, que lhe rendeu pena de 120 anos. "Se eu fizer uma bomba com explosivo plástico e implodir um shopping, eles vão continuar me achando normal", escreveu em 2001.
"Mostrei cópia das cartas, mas meu cliente diz que não se recorda de nada", diz Vivaldo Amaral, seu advogado. A pedido da Folha, o perito José Gonzalez analisou a grafia das cartas. Comparou-as ao manuscrito de Mateus anexado ao processo no STJ.
"Pela análise da gênese gráfica do autor, que é a digital da letra, as cartas foram escritas por Mateus", afirma. Mateus temia que a correspondência viesse a público.
Em 2002, pede: "Queime tudo: carta, bilhete, foto, receita, jornal, dinossauro, qualquer coisa escrita que se refere a mim." Alcione não acatou. "As cartas me pertencem. Ele queria destruí-las por mostrar como é perigoso." Parou de se corresponder por medo. "Temia que mandasse me matar", diz. Eles se conheceram oito semanas antes do crime. "Fui com uma amiga à Santa Casa, nos encontramos e trocamos telefones", diz Alcione.
A travesti testemunhou um período conturbado na vida do estudante, agravado pelo consumo de drogas. "Ele estava na farinha [cocaína]. Já não falava coisa com coisa. Sempre achava que tinha alguém atrás dele."
Alcione soube do crime pela TV. "Escrevi para entender. Mas ele é frio, arrogante e na loucura pode fazer mal a muita gente, mesmo preso." Depois de agredir com uma tesourinha um espanhol com quem dividia a cela, Mateus foi transferido para o hospital de custódia de Salvador. Para evitar que seja levado a novo júri popular, a defesa solicitou outro exame de insanidade mental. "Mateus tem graves transtornos mentais, e como tal é inimputável e deve ser submetido a tratamento", diz o advogado.
Sérgio Rigonatti --um dos psiquiatras que assinam o laudo no qual o atirador foi considerado imputável-- afirma que o fato de ele ter um transtorno de personalidade não o exime de responsabilidade. "Ele sabe diferenciar o certo e o errado."
Disponível em:http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/988890-atirador-de-shopping-e-considerado-inimputavel-em-crime-na-ba.shtml
sábado, 8 de outubro de 2011
VIOLÊNCIA GRATUITA (sugestão de filme) É UMA DESCRIÇÃO IMPECÁVEL DOS PSICOPATAS
“Nunca a violência no cinema machucou tanto” (Liberation)
Um filme de Michael Haneke com Frank Giering e Arno Frisch.
Terror interativo é o que Haneke promove em sua obra. Mas não pense que é um terror interativo onde o espectador se sente no filme (vi uma reportagem estes dias de um filme que liga para alguém do cinema e essa pessoa conduz o personagem o filme inteiro, mas deixemos isso para outra hora). O espectador, nesse caso, é um cúmplice de toda a violência gratuita apresentada em Violência Gratuita. As intensas quebras feitas pelos personagens psicopatas tiram o envolvimento com o filme criando certo distanciamento, permitindo que o público possa perceber que Violência Gratuita não é um filme de terror e sim de uma ironia interativa ao terror. Todos que veem a película esperam mortes, sangue e um soco intenso na mente, mas o filme traz uma discussão ainda maior: até que ponto você se diverte com a violência apresentada? Afinal, tudo no filme é de uma naturalidade incrível o que o torna mais real e menos divertido do que o esperado.
Uma família feliz vai passar um final de semana na casa de lago, perto de seus amigos. Georg (Ulrich Mühe) mal espera para poder velejar com seu filho, enquanto sua mulher, Anna (Susanne Lothar) descongela alguns bifes e aguarda o outro dia para poderem jogar golfe com os vizinhos. Mas quando dois amigos do vizinho, Paul (Arno Frisch) e Peter (Frank Giering), chegam pedindo ovos e para testar tacos de golfe, Anna fica descontrolada com a situação e os manda sair da casa. Quando a família percebe que os dois não saem já é tarde demais, já que os garotos misteriosos se revelam psicopatas que querem fazer um jogo de tortura intensa com a família.
O filme necessita de uma atuação boa, completamente essencial. Claro, todos os filmes necessitam para o entendimento, mas esse precisa em especial que os atores sejam competentes. E foram. Espero que tanto nesse quanto no remake americano de 2007, com Naomi Watts. Susanne Lothar me trouxe numa das cenas mais desconfortáveis da minha vida, o que a deixou ainda mais convincente. Ulrich Mühe é outro que conseguiu trazer toda a passividade de um pai que não conseguia ajudar a família. Agora eu bato palmas para os psicopatas. Arno Frisch está brilhante e consegue carregar o filme inteiro em suas costas. Frank Giering, embora em segundo plano se comparado com o primeiro, está ótimo em sua interpretação. Acho necessário falar da direção. A cena desconfortável que citei foi onde Susanne Lothar passa 3 minutos na mesma posição para rastejar por 2 minutos e ver o marido chorar por mais 3. Esses 8 minutos são uma eternidade, angustiantes ao extremo, o que criou toda a tensão e expectativa no filme. Isso é só uma das diversas táticas usadas por Haneke na obra.
O roteiro é uma crítica ao terror diário. Observamos no filme que os psicopatas mandam na situação o tempo inteiro, verificamos que até quando eles perdem o controle da situação eles o retomam na inesquecível cena do controle remoto. E que matam por diversão. Não há razão aparente para pedirem ovos e matar famílias, o que trás ainda um aspecto mais real. Psicopatas matam por diversão, não precisam de razão, tanto nos filmes quanto na vida real. E a tortura cinematográfica psicológica só agrava essa lição. O filme tem uma relação intensa com o espectador. Podemos ver na obra que não aparece nenhuma cena explícita de violência, que são tapadas através de zooms, apenas uma morte que é logo apagada pelo botão de "retroceder" e esquecida em meio a loucura criada por Michael Haneke. Continuamos vendo que no começo do jogo entre os psicopatas e a família, os vilões insistem em perguntar à câmera: "mas não podemos terminar o filme aqui, não acham? Isso não merece um final mais digno?". O espectador se torna um voyeur sádico e se identifica com essa imagem crua fornecida pela película.
Você entra no filme com uma sede implacável por mortes, mas sai com um remorso imenso, cheio de dúvidas sobre a sociedade. Violência Gratuita não é feito para você se divertir em meio a banhos de sangue e sim para você perceber sobre a violência gratuita, não só a fornecida pelo diretor austríaco, mas também a que presenciamos no nosso dia a dia, uma violência tão gratuita quanto a dos psicopatas da ficção. Afinal, se formos comparar, não há tanta diferença entre uma obra tão densa e a realidade.
Sinopse disponível em
http://criticamecanica.blogspot.com/2010/11/violencia-gratuita-1997.html
Assistam o trailler do filme abaixo.
Um filme de Michael Haneke com Frank Giering e Arno Frisch.
Terror interativo é o que Haneke promove em sua obra. Mas não pense que é um terror interativo onde o espectador se sente no filme (vi uma reportagem estes dias de um filme que liga para alguém do cinema e essa pessoa conduz o personagem o filme inteiro, mas deixemos isso para outra hora). O espectador, nesse caso, é um cúmplice de toda a violência gratuita apresentada em Violência Gratuita. As intensas quebras feitas pelos personagens psicopatas tiram o envolvimento com o filme criando certo distanciamento, permitindo que o público possa perceber que Violência Gratuita não é um filme de terror e sim de uma ironia interativa ao terror. Todos que veem a película esperam mortes, sangue e um soco intenso na mente, mas o filme traz uma discussão ainda maior: até que ponto você se diverte com a violência apresentada? Afinal, tudo no filme é de uma naturalidade incrível o que o torna mais real e menos divertido do que o esperado.
Uma família feliz vai passar um final de semana na casa de lago, perto de seus amigos. Georg (Ulrich Mühe) mal espera para poder velejar com seu filho, enquanto sua mulher, Anna (Susanne Lothar) descongela alguns bifes e aguarda o outro dia para poderem jogar golfe com os vizinhos. Mas quando dois amigos do vizinho, Paul (Arno Frisch) e Peter (Frank Giering), chegam pedindo ovos e para testar tacos de golfe, Anna fica descontrolada com a situação e os manda sair da casa. Quando a família percebe que os dois não saem já é tarde demais, já que os garotos misteriosos se revelam psicopatas que querem fazer um jogo de tortura intensa com a família.
O filme necessita de uma atuação boa, completamente essencial. Claro, todos os filmes necessitam para o entendimento, mas esse precisa em especial que os atores sejam competentes. E foram. Espero que tanto nesse quanto no remake americano de 2007, com Naomi Watts. Susanne Lothar me trouxe numa das cenas mais desconfortáveis da minha vida, o que a deixou ainda mais convincente. Ulrich Mühe é outro que conseguiu trazer toda a passividade de um pai que não conseguia ajudar a família. Agora eu bato palmas para os psicopatas. Arno Frisch está brilhante e consegue carregar o filme inteiro em suas costas. Frank Giering, embora em segundo plano se comparado com o primeiro, está ótimo em sua interpretação. Acho necessário falar da direção. A cena desconfortável que citei foi onde Susanne Lothar passa 3 minutos na mesma posição para rastejar por 2 minutos e ver o marido chorar por mais 3. Esses 8 minutos são uma eternidade, angustiantes ao extremo, o que criou toda a tensão e expectativa no filme. Isso é só uma das diversas táticas usadas por Haneke na obra.
O roteiro é uma crítica ao terror diário. Observamos no filme que os psicopatas mandam na situação o tempo inteiro, verificamos que até quando eles perdem o controle da situação eles o retomam na inesquecível cena do controle remoto. E que matam por diversão. Não há razão aparente para pedirem ovos e matar famílias, o que trás ainda um aspecto mais real. Psicopatas matam por diversão, não precisam de razão, tanto nos filmes quanto na vida real. E a tortura cinematográfica psicológica só agrava essa lição. O filme tem uma relação intensa com o espectador. Podemos ver na obra que não aparece nenhuma cena explícita de violência, que são tapadas através de zooms, apenas uma morte que é logo apagada pelo botão de "retroceder" e esquecida em meio a loucura criada por Michael Haneke. Continuamos vendo que no começo do jogo entre os psicopatas e a família, os vilões insistem em perguntar à câmera: "mas não podemos terminar o filme aqui, não acham? Isso não merece um final mais digno?". O espectador se torna um voyeur sádico e se identifica com essa imagem crua fornecida pela película.
Você entra no filme com uma sede implacável por mortes, mas sai com um remorso imenso, cheio de dúvidas sobre a sociedade. Violência Gratuita não é feito para você se divertir em meio a banhos de sangue e sim para você perceber sobre a violência gratuita, não só a fornecida pelo diretor austríaco, mas também a que presenciamos no nosso dia a dia, uma violência tão gratuita quanto a dos psicopatas da ficção. Afinal, se formos comparar, não há tanta diferença entre uma obra tão densa e a realidade.
Sinopse disponível em
http://criticamecanica.blogspot.com/2010/11/violencia-gratuita-1997.html
Assistam o trailler do filme abaixo.
Marcadores:
FUNNY GAMES,
JOVENS PSICOPATAS,
MICHAEL HANEKE,
sugestão de filme,
VIOLÊNCIA GRATUITA
sábado, 1 de outubro de 2011
O ELEFANTE - SUGESTÃO DE FILME
Um dia aparentemente comum na vida de um grupo de adolescentes, todos estudantes de uma escola secundária de Portland, no estado de Oregon, interior dos Estados Unidos. Enquanto a maior parte está engajada em atividades cotidianas, dois alunos esperam, em casa, a chegada de uma metralhadora semi-automática, com altíssima precisão e poder de fogo. Munidos de um arsenal de outras armas que vinham colecionando, os dois partem para a escola, onde serão protagonistas de uma grande tragédia.
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer o título do filme. O título se refere a uma antiga parábola budista sobre um grupo de cegos examinando diferentes partes de um elefante. Nessa parábola, cada cego afirma convictamente que compreende a natureza do animal com base tão-somente na parte que lhe chega ao tato. Ninguém vê ou sente o objeto na sua totalidade, mas todos arriscam um palpite totalizante – e, naturalmente, equivocado.
O que Van Sant construiu em Elefante foi uma visão fragmentária e não conclusiva sobre a questão trazida à tona pelo episódio de Columbine. Consagrado por saber filmar os jovens sem deturpar seu universo, o diretor adotou um posicionamento inequívoco, aquele de onde se vê tudo e nada ao mesmo tempo: o olho do furacão, o epicentro do evento trágico. Os atores de Elefante são os próprios alunos do colégio em que se passa, selecionados após uma série de entrevistas realizadas pela equipe do filme. Eles são filmados em atitudes cotidianas, às vezes preservando diálogos e situações presenciadas por Van Sant enquanto os conhecia e travava os primeiros contatos.
Elefante não trata de reproduzir o incidente em Columbine, não se trata de cobrir jornalisticamente o massacre. Trata-se de penetrar num determinado universo munido de sentidos aguçados – e nele transitar com puras impressões.
Elefante se passa numa high school como outra qualquer. Ao não citar local nem data, adquire uma dimensão importantíssima, que não reduz o problema a nenhuma ordem social específica, a nenhum contexto específico. Na cena no quarto de Alex, um dos dois garotos responsáveis pelos tiros, esclarece-se a postura essencial de Gus Van Sant perante o tema: enquanto Alex toca Beethoven no piano, a câmera gira 360º mostrando tudo que está à volta dele, todo o universo multicultural e multicolorido que o circunda: videogames, quadros e desenhos na parede (um deles, um elefante), roupas espalhadas, televisão. Quem o levou a arquitetar o massacre? Beethoven? O videogame que ele e o amigo/cúmplice jogam, daqueles em que o jogador assume o ponto de vista de alguém que atira em pessoas que atravessam na sua frente? O documentário sobre o nazismo a que eles assistem na televisão? O acesso fácil às armas de fogo, bastando clicar num site da internet e recebê-las em casa, via fedex? Tal resposta nunca emerge das imagens de Elefante. Nenhum trabalho atinge o que o filme conseguiu atingir nesse universo estudantil estadunidense, seja em matéria de suspense, seja em matéria de captação imediata de um acontecimento.
É possível que Elefante tenha uma passagem discreta pelo grande público, não raro encontrando detratores pelo caminho. Elefante sem dúvida alguma assusta, mas sua verdadeira contribuição é de ordem construtiva, e a construção em jogo é o sentimento de uma geração (com seu modo particular de percepção do tempo, com sua não-historicidade, com seu universo simbólico multifacetado). Se no fundo nenhum filme é obrigatório, por se tratar, em última instância, apenas de um filme, digamos então que Elefante é no mínimo muito importante – e que não é definitivo porque não quer ser.
Sinopse disponível em http://resenhas-rej.blogspot.com/2009/06/elefante.html
Assistam o trailler abaixo
Assinar:
Postagens (Atom)