quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Batman - O cavaleiro das trevas - Sugestão de Filme

Nesse personagem, magistral e espetacularmente vivido por Heather no papel do Coringa, encontramos a psicopatia advinda de um Estado Totalitário (Fascismo) cuja gênese parte de um 'imaginário lugar egóico': um 'si-mesmo-encapsulado'. Quando Coringa coloca tal 'pulsão a agir/sentir', ele produz profundas feridas no social e no moralismo estabelecido pela ideologia dominante nos Estados Unidos da América, e por extensão, do Brasil (pelas marcas dos EUA em quase todo o mundo - não apenas o Ocidental). Mas quem produziu as feridas no seu rosto? Que maquiagem estampou esse seu outro lado? De que lado ele está?
Tanto que Coringa é um personagem estadunidense, mas que contraditóriamente ele não 'se amarra em dinheiro não', mas em 'fogo aberto'. Isso de se 'amar o dinheiro' é a (pré)ocupação dos Estados Unidos, comandado pelo sistema econômico hoje denominado de Neoliberal, onde o consumismo e os prazeres imediatos são subjetividades que se 'afloram-de-sentido'. Coringa é um vadio a partir daí. A ele não interessa o outro. Alteridade é uma palavra eliminada a partir da construção em 'si-mesmo' da psicopatia. Pelo menos o personagem não se encosta nos reflexos espelhares (especulares) de uma pessoa que 'gosta' e ou reconhece o outro como parte integrante de sua constituição e cidadania. Cidadania é outro termo que ele apagou de vez por todas. Nenhum dos dois seres são cidadãos e ou pregam isso. Um ilude. Outra mostra o corpo para a sangria. Um finge. Outro é pura verdade que recusamos enxergar. Ambos nos enganam. Ambos nos subornam. Ambos nos envergonham.
Coringa tem um único interesse: pelo 'eu-mesmo' ('mínimo self' caracterizado fundamentalmente pelo 'egoísmo'). O Coringa de Ledger está perfeito e em sintonia com o conceito de Doença Mental dentro de uma Cultura (no sentido antropológico e psico-social), pois é ela (a cultura) que 'determina' (ordena) o que é ou não saudável; normal e anormal. A Cultura nessa seara não permite trocas e nem enfeixamentos (e menos enviezamentos). Bandidos e mocinhos são estabelecidos e classificados como se na vida todos fossem assim.
Entretanto, Coringa é assim um sujeito com características positivas, que na escola infantil, a professora poderia ter detectado e trabalhado a partir delas. Mas tem personalidades psicopatas que nem isso permite. Por exemplo: ele é um perfeccionista. Ele executa seu desejo – que obviamente tem um planejamento e uma avaliação. Ele é criativo – para o maléfico. Ele faz de suas cicatrizes seu charme e sua sedução, tornando-se hiper-masculino, sem se configurar em sadomasoquista estereotipado (mas um real); ele, por ser um perfeito sujeito 'sui generís', quer, com uma 'vontade de sentido infernal' muito forte, 'apenas' (?) ver/ sentir com imenso e denso prazer o mundo se 'danar' – e que ele vá junto com o 'bonzinho' Batman (vivido pelo ator Christian Bale).
Mas o Coringa nessa narrativa não é um ser (sendo) isento do/no/ com o mundo. Estando no mundo, podemos (ou não) fazer alianças constantes com todos os tipos humanos – dos mais inócuos, comuns, sorrateiros e tenebrosos homens e mulheres. Coringa é claro no seu modo de ser (sendo) si mesmo no cotidiano do mundo dos EUA: ele fez e faz pactos com muitos 'humanos- Luciferes' - aquele ser (sendo) do inferno; um dominador atroz.
Mas Coringa, 'ele-mesmo', é um estranho (?) 'clown'? Nada disso. Ele foi construído (inventado) para animar o 'ódio guardado e que ainda não foi jogado nas relações interpessoais' de espectadores submissos aos demandes do cotidiano alienado. Eu acredito e defendo que parte do cotidiano inventivo e criativo deve segurar a barra dos ódios. Um dos papeis de um filme é esse: acalmar o animal (instinto) que vive dentro de nós, no mundo – o 'mínimo eu' é instaurado nesse mundo ideológico, político etc. Trata-se da função escapista do cinema que produz dentro de nós os mecanismos de defesa nos aliviando e nos reconduzindo sempre as subjetividades e comportamentos de cidadania. No cotidiano estamos impregnados de criatividades e alegrias, mas também estamos marcados de modo profundo pela relação entre o 'eu sei' e 'você não sabe e nunca irá saber'; 'eu sou o maior' e 'você é o menor'; 'sou sadio' e 'você doente'; 'sou rico' e 'você pobre'; 'sou lindo' e você 'feio'; 'sou jovem' e 'você velho'; 'sou heterossexual' e 'você 'viado' ' etc.
Esse animador Clown só deseja. Ele é puro desejo. Um sujeito sem rédeas; uma fazenda sem cercas – logo psico-socialmente perigoso. Algo como: Meu desejo é uma ordem. Um desmande direcionado a outras gêneses (desejos de outros humanos; nem sempre tão maléficos assim, mas que provoca-nos trazee a tona o nosso Lúcifer mais odiado e temido). Coringa é 'desejo-desmande'; uma desumanidade sem dúvida - se é que em Gotham City se sabe o que é Humanismo. Batman saberá?
Coringa! O que seu desejo demanda 'ver-sentir-agir' sua casa pegar fogo. O fogo o inferno – ódio. A casa dele pode ser o 'circo' do 'palhaço-do-medo' que pode ser, na película, um simbólico país neoliberal. Trata-se de uma casa da insatisfação; uma casa que não é dele, e nem é dele é 'aquele lugar'. Mas Coringa não consegue ir embora desse lugar-tempo. As marcas ou cicatrizes trazidas no seu rosto dão bem este tom psicológico de 'mínimo eu' ao caso (clínico?), e ao mesmo tempo as marcas indeléveis do social, do histórico, do econômico que classifica os diferentes e as suas diferenças (o si mesmo junto ao 'outro-no-mundo') marginalizando-os e inventando modos de diagnósticos e tratamentos - e prevenções (pelo viés da submissão).
Coringa pelos Manuais classificatórios psiquiátricos, dos tipos DSM-IV (nascidos de um conceito de daqueles que, como é bem definido no próprio filme, "não ligam pra dinheiro, só querem ver o circo pegar fogo"). Uma classificação cujo personagem se define: "- Sou um homem de hábitos simples... (...) Gosto de dinamite, pólvora e gasolina". O sorriso acompanha a fala para ser decorada pelo espectador (especialmente os fãs) e repetida aos sete ventos. O sorriso d'Ele é onipotente; arrogante; complexo e híbrido. Lábios marcados por cicatrizes e que ele impediu-os de serem beijados. Ele sabe formar 'frases-sínteses' para ser entendido de modo mais imediato. Quando detido pelo Comissário Gordon, ele responde: " – 'Senhor' Comissário, eu lá tenho cara de alguém que faz 'planos'? ".
Segue Trailer do filme abaixo...

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